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Pobreza (13/08/2015)
Nesse artigo o termo Pobreza se refere à escassez de recursos
com relevante valor monetário.
A Pobreza é um dos pontos de debate entre o Capitalismo e o
Socialismo. Os adeptos de uma ideologia acusam a outra de gerar Pobreza. Essa
mútua acusação evidencia uma premissa comum entre essas ideologias: a de que a
Pobreza é algo ruim e que deve ser combatido.
Se Pobreza é algo ruim ou errado seria impossível uma pessoa de
bom caráter estar satisfeita com a própria vida sendo pobre. De fato, muitas
pessoas pensam dessa forma até mesmo extrapolando esse raciocínio ao ponto de
considerar que a quantidade de dinheiro de uma pessoa tem relação direta com a
sua felicidade.
Se isso fosse verdade as pessoas ricas não ficariam tristes. As
pessoas ricas além de ficarem tristes como quaisquer outras, sabidamente
cometem suicídio eventualmente.
Por outro lado de fato existem pessoas que
são pobres, não procuram sair dessa condição e não necessariamente são
mau-caráter. Esse é o caso de índios, mendigos que não aceitam nenhum tipo de
trabalho, pessoas pobres que não fazem planejamento familiar, etc.
Por esses exemplos fica evidente que o aspecto negativo
geralmente atribuído à Pobreza não é um consenso. As pessoas ricas e pobres não
são felizes nem tristes o tempo todo. Ou seja, a Pobreza não é garantia de que
a pessoa viverá em sofrimento.
Muitas vezes esse aspecto negativo da Pobreza é tomado como
verdade absoluta e é usado como premissa para justificar diferenças de
tratamento aos grupos considerados pobres.
Um exemplo dessas diferenças é a cota racial das universidades.
O raciocínio por traz desse tipo de cota é que a população negra é
estatisticamente mais pobre e que, por isso, ela possui menos acesso à educação
de nível superior, o que reforçaria a característica de Pobreza dessa
população. Mas se a Pobreza realmente for uma característica estatística da
população negra, qual a necessidade dessa característica ser alterada? O negro
rico seria melhor do que o negro pobre? As pessoas que pensam assim dizem estar
combatendo o racismo, mas, na verdade, elas são classistas pois consideram que
o rico é melhor do que o pobre. Por outro lado, se o objetivo realmente for
combater diretamente a Pobreza, por que deveria haver distinção de entre um branco
pobre e um negro pobre? O negro pobre é sempre vítima enquanto o branco pobre é
vagabundo e não merece ajuda? Ou seja, de uma forma ou de outra, quem defende
as cotas raciais ou é classista ou é racista a favor dos negros e nenhuma
dessas posições é justa ou correta.
O que seria errado é se uma pessoa fosse impedida de entrar na
faculdade devido a sua etnia apesar de atender os mesmos requisitos exigidos de
outras pessoas ou que, apesar de se esforçar, fosse impedida de ter as
ferramentas mínimas para se preparar para atender a esses requisitos.
De fato, as pessoas pobres tem mais
dificuldade de estudar em colégios particulares devido à necessidade de
pagamento. Mas isso não depende da etnia da pessoa. É justo que as pessoas que
se preparam melhor para o vestibular, pagando ou não, tenham mais acesso à
faculdade.
Outro exemplo de como a Pobreza é equivocadamente tomada como
algo ruim é quando a Pobreza é usada para justificar um crime como roubo ou
agressão. Muitas vezes as pessoas pobres não estão satisfeitas com a sua
situação, mas isso não justifica prejudicar quem nada tem a ver com isso.
É possível que algumas pessoas prejudiquem os pobres que querem
aumentar sua riqueza, como nos casos de patrões que demitem funcionários que
procuram empregos melhores e as pessoas que se recusam remunerar bem trabalhos
tipicamente executados por pobres, ainda que a qualidade do trabalho justifique
uma melhor remuneração. Nesses casos seria justificado o pobre tentar algum
tipo de retaliação como, por exemplo, evitar trabalhar para esse tipo de
pessoa. Mas, mesmo nesses casos, não é justo que um pobre prejudique quem nada
tem a ver com isso ainda que alegue que a pessoa prejudicada é da mesma classe
social de quem prejudique o pobre.
Assim, se cada pessoa se esforçasse proporcionalmente ao tamanho
de seu objetivo e respeitasse as demais pessoas independentemente de qualquer
parâmetro, todas as pessoas poderiam ter a chance de levar a vida do modo que
quisessem. E a conquista dos objetivos pelo próprio esforço poderia servir de
motivação para outras pessoas.