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Capitalismo x Comunismo (10/03/2015) – atualizado em 10/05/2015
Sempre que a situação político-econômica de um país está em
crise o debate Capitalismo x Comunismo (e variações de
ambas ideologias) é iniciado.
Independentemente do sistema político-econômico de um dado país,
sempre que há crise os defensores de uma ideologia acusam as outras ideologias
de serem a causa do problema. E, mesmo após experimentação – que deveria gerar
evidências práticas – essas teorias se modificam de modo que nunca se chega a um
resultado conclusivo: Capitalismo se transforma em Liberalismo, Neoliberalismo,
Libertarismo, Libertarianismo
enquanto o Comunismo se transforma em Socialismo, Socialdemocracia,
Bolivarianismo, Chavismo, etc... E essas variações não
extinguem as ideologias originais, criando-se um número cada vez maior de
ideologias concorrentes.
As pessoas têm uma tendência de defender uma ou outra ideologia
e, conforme vai se criando o costume, passam a ter aversão às demais
ideologias. Talvez isso seja uma forma de economizar energia: depois que se
escolhe um lado não é mais necessário tentar ver o que o outro lado tem de bom.
Mas, tanto o Capitalismo quanto o Comunismo são defendidos, pois, ambos tem características que agradam as pessoas em geral.
O Capitalismo tem bastante a ver com meritocracia: o sujeito que
é mais produtivo é melhor recompensado. Seja um funcionário engajado ou um
empresário que sabe fazer bons negócios. E as pessoas gostam de ter a esperança
de que serão devidamente reconhecidas caso seu trabalho seja excepcional.
O Comunismo, por outro lado, tem mais a ver com fraternidade: os
recursos são distribuídos igualmente entre as pessoas para que ninguém fique
com recursos insuficientes. Por mais que a pessoa seja a favor da meritocracia,
ninguém se sentiria confortável ao ver outra pessoa passando fome, por exemplo.
No fim das contas, pelo menos em nosso país, as pessoas podem
estar sujeitas tanto à meritocracia quanto à fraternidade. Seguem alguns
exemplos: Em
uma faculdade pública o vestibular seria uma forma de meritocracia enquanto o
financiamento público da faculdade seria uma forma de fraternidade. Uma pessoa
que trabalha em uma empresa privada pode estar sujeita a meritocracia para
receber um aumento salarial, mas em sua casa todos os recursos são distribuídos
livremente entre os membros de sua família de maneira fraternal. É comum que
lojistas ofereçam um salário fixo para os vendedores, o que pode ser visto como
fraternidade, e a comissão dependeria do quanto cada vendedor vendeu, o que
poderia ser visto como meritocracia.
Quando se procura a solução para um país em crise é comum
algumas pessoas considerarem soluções drásticas como mudar totalmente o sistema
político-econômico desse país. Isso ocorre porque as pessoas têm uma tendência
de imaginar uma mudança desejada analisando apenas as vantagens dessa mudança.
Mas a verdade é que nada é perfeito. Voltando ao exemplo da pessoa que passa
fome no sistema Capitalista, se essa pessoa passa fome porque se recusa a
trabalhar, ela também seria um problema no sistema Comunista.
O importante é que se tenha em mente que nenhuma mudança ocorre
sem esforço. E normalmente o esforço é proporcional ao tamanho da mudança.
Decidir se deve ser feita uma revolução ou algumas reformas menores é como
planejar melhorar uma casa: a casa pode ser totalmente demolida e reconstruída
ou pode ter suas imperfeições reparadas uma a uma. A energia demandada e o
resultado final devem ser avaliados antes da decisão.